Pages

sábado, 28 de janeiro de 2012

A Estação da Alma - Parte 3 (Final).

Para quem ainda não leu as outras partes, aqui estão: http://poetade-parede.blogspot.com/2012/01/estacao-da-alma-partes-1-e-2.html


Não que León tivesse muita força para se mexer naquele momento, mas a culpa e suas lembranças cruéis faziam o garoto ter certeza de que algumas decisões precisavam ser tomadas. Levantou-se, cambaleante; e o caminho de volta, trouxe-lhe uma ponta de esperança na vida.
Internamente, León pedia perdão aos seus pais todos os dias por toda a ingratidão e desprezo que havia promovido. Passou, então, a fazer visitas periódicas à sua mãe, fato que o fazia sentir-se melhor. Katerina não se recordava do filho, mas aquele garoto ruivo de expressão profunda e fazia muito bem como companhia. E convenhamos que o esquecimento, talvez, fosse a melhor maneira de poupar aquela mãe tão dedicada de memórias sofridas e decepcionantes.
E assim León foi, aos poucos, construindo sua próprias vida; sozinho, sempre. Passou a estudar, terminou a escola regular e ingressou em uma Universidade; frutos de total dedicação. Anos mais tarde, tornou-se um respeitável advogado em Moscou, alcançando prestígio e estabilidade financeira. A área sentimental de León, todavia, não apresentava tamanho êxito. Suas mágoas não permitiam que ele deixasse a solidão. Ele não se esforçava muito em compartilhar suas agonias, pelo medo de que mais alguém sofresse por sua causa. Por isso, o coração andou sempre desocupado. Suas preocupações resumiam-se em visitar sua mãe, trabalhar e organizar suas necessidades vitais. Limitado. O passado não conseguiu deixá-lo em paz, e León simplesmente foi coagido a viver com suas dúvidas todos os dias; questionando o rumo que sua vida tomara e, inevitavelmente, insatisfeito com as respostas que recebia.
Agora Caro Leitor, indelicadamente, permito-nos essa reflexão. León não é o único que passou por esta situação. Quantas e quantas vezes nos pegamos pensando no que teria acontecido se tivéssemos escolhido caminhos diferentes? Pois é, e mesmo assim, parece que nada nem ninguém é capaz de solucionar esse dilema. O arrependimento não é lá das melhores sensações do mundo, convenhamos. Algumas vezes, contudo, ele nos faz repensar atitudes e até nos revoltarmos com elas. Nada que não tenha fim, também. Mas, essa ideia nos é natural, e conviver-nos-emos com ela. E quando aquela indecisão insolente sobre o que teria acontecido vier nos atrapalhar, seremos insolentes na mesma medida. Seguir em frente, acreditando no caminho do coração, sempre.

1 comentários:

Caio Coletti disse...

Já ouviu uma música da Florence + The Machine chamada "Heartlines", dona Talita? Acho que a mensagem motivadora do refrão é bem parecida com a do seu texto (lindo, por sinal, uma ficção muito bem trabalhada e que envolve fácil com os personagens): é de reconhecer que muita coisa vai acontecer pra nos machucar, sempre. Que a gente sempre vai fazer algo errado. Mas que está tudo bem enquanto continuarmos seguindo "as linhas do coração". =)

Postar um comentário