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terça-feira, 12 de julho de 2011

Nunca diga que as estrelas estão mortas, só porque o céu está nublado.

Nem sei por onde começar. Talvez eu nem devesse. E por incrível que isso lhe pareça, querido leitor, hoje não estou aqui para reclamar. Estou à procura do meu novo 'eu' e não poderia encontrá-lo em outro lugar.
Aqui, as palavras são capazes de reconstruir tudo, rapidamente. Podem mudar, apagar ou acrescentar à minha maneira. Hoje, elas são minha segunda vida, seja lá como isso for. E me fazem feliz, como nunca antes.
Escolher não é fácil. Ninguém disse que seria. Eu tomo decisões a cada segundo, e não tenho medo delas. No fundo mesmo, eu sou uma reinvenção. Precisei disso para entender que a vida é um conjunto de períodos com começo, meio e fim.
Eu estou pronta. Para um novo começo, com novas ideias, ilusões e conquistas. Com minhas amigas derrotas, mais íntimas impossível. Não importa como, eu quero respirar outros ares. Sentir a luz novamente. Iniciando agora, vendo meus reflexos. O espelho já não forma a mesma imagem para mim. O cabelo é o mesmo, o rosto é idêntico, o sorriso está sempre desconfiado, mas os olhos são outros. Eles parecem preocupados, tensos, apagados. Mas, olhando bem, eles brilham, acendem e vivem. Castanhos, moldados, profundos. Podem sentir a verdade e seduzí-la. São fortes, intensos; carregam palavras sútis e reveladoras.
São meus. Um pouco assustadores, eu diria. Mas, imensamente sinceros. Poucos conseguem entendê-lo. Afinal, eles adoram ficar escondidos. E agora estão preparados, para o mundo. Querem ser olhados, desvendados, cativados. Assim como eu. 
Meu céu pode estar nublado hoje, pouco perto da eternidade. As nuvens estão se abrindo, vagarosamente, e é possível ver o sol. Ele me diz para continuar, mas falta-me tempo para correr atrás dos sonhos. Organizei todo o passado, e agora ele não passa de uma recordação. Guardei algumas lembranças, bem lá no fundo. 
Tenho milhares de coisas para pensar e me dedicar, e é para elas que darei meu tempo. Se tem algo que me deixa irritada comigo mesmo é passar tempo lamentando. A rotina é outra, mudou e veio para ficar.
A escada é grande, e há degraus infinitos. Meus olhos vêm algumas sombras e insistem em tentar interpretá-las. Não sei como isso vai terminar, mas posso sentir que escrevo nesse instante, o primeiro parágrafo de uma longa história.

domingo, 3 de julho de 2011

Era uma vez ?

Ela era apenas uma garota. Eu disse apenas, mas isso já era muito. Sentia-se só, abandonada, esquecida entre as ilusões e interesses alheios. Pensou em desistir. Depois, acabou desistindo de tentar se entender. Sua vida não era a mais bonita, ela não era brilhante e tampouco agradável. Tinha seu mundo paralelo e vivia por aí imaginando como o futuro poderia ser. Sonhava tanto quanto respirava e acreditava que em algum momento, todos iriam se realizar. A garota odiava mentiras, mas constantemente, se decepcionava com elas. O que talvez ela não soubesse é que, conforme os anos passam, a decepção passa a ser rotina. Ela não pedia muito. Não queria ser aceita, nem mesmo apoiada. Simplesmente precisava ser ouvida.
O mundo era muito cruel para ela. E as pessoas, superficiais demais. Era tudo muito incerto, e a menina tinha medo. Pensava nos personagens à sua volta e os entendia, mesmo que doesse. E como isso doía. Tinha poucos anos de vida, mas já carregava feridas incuráveis. Ainda assim, ela sorria. Achava nos intervalos dos problemas, algum motivo que a fizesse gargalhar. Por dentro, ela chorava. Infelizmente, ninguém estava lá para enxugar suas lágrimas.
É imprescindível lembrar que a garota era, acima de tudo, humana. E suas escolhas, podiam não ser perfeitas. Mas eram SÓ dela. Compreendia, ou pelo menos tentava entender, todas as coisas à sua volta. Escutava, observava e aceitava tudo que lhe diziam. E então, revoltava-se. Irritava-se profundamente por não ser compreendida. Já foi acusada, julgada e condenada a prisão perpétua. Seu crime era acreditar. Por diversas vezes acreditou nas mudanças, na vida e nos outros. Acreditou tanto que foi enganada por suas próprias palavras. Mais uma vez, ela errou. E claro, não foi absolvida. Seu erro, agora, foi se importar demais com a opinião alheia. Outra cicatriz e talvez, algum aprendizado.
A garota hoje, já não é tão menina assim. Passou a desconfiar também. Já não é mais capaz de aceitar. E isso quem ensinou foi a vida. Ela cansou de ser reprovada e resolveu se encaixar. Em seu rosto, ainda escorrem lágrimas. Seus olhos estão inchados e sua verdade, apagada. Por pouco tempo, que fique bem claro. Ter que se levantar sozinha era natural para ela. Por isso, está preparada.
Coincidência? Óbvio que não. A alegoria é só mais uma de minhas máscaras. Essa é a maneira que encontrei para dizer que também tenho sentimentos e acima de tudo, ouvidos. É, eu posso ouvir tudo. As ofensas, críticas e adjetivos à meu respeito. Normalmente, eles não me agradam. Mas estou aqui para perdoar. Que fique bem claro, perdoar. Esquecer, talvez seja impossível. Principalmente porque eles vêm das pessoas em quem confiei. Sem moralismos, não sou exemplo para nada. Gosto de ser respeitada e meu coração não é de papel, como pensam por aí. Posso ser quieta, chata e intransigente, mas eu sou capaz de assumir meus defeitos e culpas.
Estou sozinha, outra vez. A história recomeça e ainda não encontrei o que desejava. Mas como ninguém se importa, novamente perdi meu tempo tentando dizer a todos como estou profundamente triste.