Às vezes acho que tenho um coração no lugar do cérebro,
porque eu posso sentir as batidas;
posso sentir a dor de pensar sentindo
e a sensação de sentir pensando,
contidas no espaço de uma contração.
Enquanto os outros usam suas cabeças para pensar na vida,
a minha quer sentir.
Sente a perda, a culpa e a saudade.
Sente o adeus, o medo e a verdade.
E assim, todo verso fica pequeno;
toda poesia, incompleta.
Pois aqui dentro há dois corações
que pulsam sem compasso e pedem pra ir embora.
Só.
Uma pena que eu não saiba pensar,
não saiba ir sem desejar voltar.
Só deixar para trás, sem olhar para os lados.
Esquecer.
Mas eu não sei esquecer,
só sei querer.
Querer que volte, querer que pare, querer que fique.
Querer o antes, querer agora, querer um sempre.
Para sempre.