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sexta-feira, 11 de março de 2011

Queimando a consciência e a sequência que ela traz.

Outro dia comecei a arrumar algumas gavetas e encontrei uma corrente que há muito não usava. Feliz com tal fato, resolvi tirá-la da caixinha onde se encontrava e percebi que ela estava repleta de nós e presa a outro colar. Peguei-a com delicadeza, sentei e decidi desfazer aquela bagunça. Foram longos minutos de atenção e paciência. E toda essa situação me levou a pensar e concluir que eu estava diante da minha própria vida, ali com a corrente nas mãos. Sim, pasmem! Eu vou comparar duas coisas tão absurdas e ao mesmo tempo, tão semelhantes.
Assim como os nós, temos problemas e conflitos internos nos acompanhando, nos fazendo aflitos, confusos, iludidos. Eles aparecem sem querer e, na maioria das vezes, custamos a resolvê-los. Pensando melhor, também são eles que nos motivam a levantar, procurar a luz e seguir tentando. Quando tudo parece perdido, sempre há um apoio para nos empurrar.
Fiquei surpresa com tantas revelações e soltei a corrente. Sem tocá-la, observei-a distante e atentei às duas pontas do cordão: o nascer e o morrer.  Elas nunca andam juntas, mas estão ligadas por vários elos que dão voltas e completam o ciclo. Lembrei de como tudo começou, da minha infância, de como era puro e bom poder brincar o dia inteiro, admirar as coisas mais belas da vida, a natureza, sorrir sem precisar ter motivo. Acreditar que a felicidade está ali, na próxima esquina da rua da vida esperando para me dar uma carona.
O tempo passa e a lei da entropia tende a predominar: tudo tende à desordem até que se atinja um equilíbrio. Incrível, contraditório e real. Quando achamos que a nova fase da vida nos trará outras descobertas e sensações, somos cruelmente pegos pela decepção de que tudo piorou. Agora nos chamam adolescentes e adultos e crêem que somos capazes de resolver e lidar com todas as adversidades.
Mas não vou prosseguir com essa ilusão. No meio de toda esta história eu perdi bastante. Atrevo-me a dizer que fui mais derrotada do que vitoriosa. Porque no final, cada respiração é uma luta contra o tempo. Cada minuto é uma batalha contra a morte. Tudo isso só para poder construir a minha própria corrente. Eu quero muitos elos; quero muitos nós; muita experiência. EU QUERO MUITO TEMPO.
Pronto, terminei de desfazê-los. Agora é só esperar até que novamente, a corrente se enrole e eu esteja preparada para consertá-la. Ou talvez eu nunca esteja, mas a vida não vai estacionar para me escutar. Hoje eu aprendi que, por mais que eu critique toda essa coisa de solidão, só eu sou capaz de me acompanhar. E por mais que as horas passem e eu continue perdendo meus exércitos, a briga continua. Simplesmente porque eu não vou desistir da guerra da minha existência.