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sábado, 1 de outubro de 2011

O segredo dos seus olhos.

Inspirado no texto "Dos Olhos" de Caio Coletti.
Adjetivos não faltam. Eu tento, mas é praticamente impossível chegar aos pés deles. Até porque, eles estão muito longe do chão. Falo dos meus preferidos, dos olhos. Os meus olhos, os outros olhos; os nossos. São interessantes, intrigantes, misteriosos. Querem saber de tudo, entender a vida. E eu só posso admirá-los, por tamanha coragem.
Já conheci vários. Alguns inesquecíveis, eu diria. Castanhos, azuis e verdes. Intensos, sonhadores, depressivos. Já fui cativada por seu brilho invejável e me perdi em meio à tanta pureza. Mesmo assim, rodeada de experiências memoráveis, poucos foram os olhares que me conquistaram. Esses sim, incrivelmente chegaram ao meu coração e, por mais que eu deseje, não sairão de lá.
Os mais próximos são castanhos, claros e escuros, protetores, fieis. Foram os primeiros que pude ver; os familiares. E eles são o chão que eu piso. Fazem com que eu me sinta melhor, segura e me dão força, para que eu seja simplesmente como sou, sem rodeios. Eles são minhas mãos, meus pés, minha cabeça, são toda minha força. Já os vi chorar, rir, brigar, sonhar e falar sem sequer dizer uma palavra.
Há também um par cativante de olhos castanhos-quase-pretos que me acompanha atentamente, mesmo estando bem longe. E os conheci há bastante tempo, mas foi há pouco que pude descobri quão amigos eles eram. Já compartilhamos as mesmas aflições, rimos e choramos juntos. Eles sintonizam perfeitamente com os meus. Comunicam-se e, acima de tudo, entendem-se, como se fosse mágica. Infelizmente, foram separados por alguns quilômetros de distância, mas continuam unidos pelo poder do coração. E é claro, estão sempre guardados dentro dele. Agradecerei eternamente por tê-los conhecido.
Carrego comigo olhos repletos de verdade. Esses são pretos, de uma cor viva, alegre. Algumas vezes, eles se fecharam para mim e me deixaram ainda mais intrigada. Mesmo assim compartilhei, e ainda compartilho, histórias mirabolantes, engraçadas e inesquecíveis. São os mais sonhadores, os que me ouvem, os especiais.
Eu não poderia me esquecer deles. Os de cor marrom claro, ou será escuro, que eu mal consigo perceber diante de todos os sentimentos que eles me trazem. Nesses, eu tenho vontade de mergulhar e conhecer bem mais à fundo. Eles não estão aqui perto por muito tempo, mas já foram suficientemente bons em me ensinar o que é amizade. Não gostam de falsos moralismos, críticas mal feitas e palavras perdidas. Eles gostam mesmo é de ser sinceros. Mostraram-me que a vida vai muito além do preto e branco da rotina. E quando escuto alguém falar dos "olhos", são os primeiros dos quais me lembro. Eu os admiro tanto que talvez nunca tenha revelado isso. Admiro seu mistério, sua capacidade envolvente de ajudar aos demais, sua inteligência, seu brilho. Sim, eles tem um brilho incomparável. São duas estrelas, prontas, intensas. É, esses são olhos complexos. E eu nunca poderia descrevê-los de maneira exata, porque ainda há muito que eu quero descobrir, se eles me permitirem. Mas hoje, eu não saberia o que fazer se os perdesse. Porque eles são uma parte de mim, são os olhos amigos, os amigos que eu considero e que, espero, permaneçam aqui por um bom tempo.
Conheci alguns olhos azuis, e com eles tive ótimas experiências. Todavia, são os castanhos que me fascinam. Acredito que tenho grandes histórias com eles. E por isso, tornaram-se integrantes da minha memória.
Ainda faltam um par de castanhos. Com esses, eu conheci o segredo de ter um irmão. Acho que no fundo, eu queria que fosse verdade. Porque, por mais que não concordássemos uns com os outros, eu estaria ali por eles e eles por mim. Na primeira vez que os vi, achei que já os conhecia de algum outro lugar. Estranho, eu sentia que esses olhos torciam por mim. E agora eles não passam de lembrança. Mesmo assim, eles estiveram presentes comigo por vários anos e eu não poderia esquecê-los, mesmo que desejasse.
Ah, os olhos. Eu passaria minha vida à contemplá-los só para tentar ser como eles. Poéticos e profundos. Não usam máscara e nenhuma maquiagem é capaz de disfarçar sua intenção. Têm uma pureza invejável e um mar de sonhos infinito. Colorem o mundo e trazem a vida. Quando sentem dor, simplesmente choram, e o alívio é imediato. Carregam consigo histórias, contos e músicas bem particulares, mas que estão sinceramente representadas pelo olhar. Eles não mentem, não foram feitos para isso. São apenas amáveis.
E eu serei uma eterna apaixonada por sua intensidade, por sua precisão. Porque eles vão muito além da anatomia, são a porta da alma.

3 comentários:

RAQUEL PAIXAO disse...

Que texto lindooooo!
Sou apaixonada por olhos, independentemente de qual cor eles são!
Um olhar revela tuudo :)
Adorei o post!
Beijokas,
Kell ^^
http://jornalkell.blogspot.com

Caio Coletti disse...

Que texto lindo!
Escrever sobre os olhos é uma experiência que traduz bem a missão do escritor: captar o "incaptável". haha
E saber que eu estou aí, muito obrigado por tudo, amiga!
Beijos mil. Amo vc.

Lucas disse...

Esse texto.. Nao sei bem o que tem nele, mas sei que não consigo passar uma semana sem lê-lo mais uma vez. Acho que é a emoção, ou a verdade que você conseguiu deixar transparecer nesse texto, sem ao menos transparecer nada.. achei isso incrivel =).
Não sei quantas vezes mais vou ter que ler isso pra tentar me localizar, mas, dada a curiosidade, haha, conte com pelo menos uma visita semanal no teu blog ;D.
Eu te adoro muito, você é um par de olhos pra mim.

Beijos, Lu =p.

PS: Eu não disse qual texto eu ia comentar ;).

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