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terça-feira, 23 de agosto de 2011

A arte apenas faz versos, só o coração é poeta.

Uma aula de literatura sobre Romantismo e tudo mudou para mim. Eu olhava para aquela maneira, tão distinta, de ver o mundo e no fundo, eu sabia das semelhanças. Ali, naquele lugar intenso, eu me encontrava. Ali, eu procurava respostas. O locus horrendus não me assustava. Eu só queria ser livre, deixar as coisas ruins e só depois voltar para a realidade.
Por diversas vezes eu tentei. Eu quis encontrar o amor, e vi a solidão. Quis achar o sucesso, e só tinha a decepção. Quis tocar o sol, mas a lua foi a única que eu pude ver. Eu quis entender, e tornei-me mais complexa, então. Eu nunca quis aquilo para mim; o pessimismo, o tédio, a dor.
Você, atencioso leitor, deve estar se perguntando aonde eu quero chegar com linhas tão confusas assim. E essa, é exatamente a minha dúvida. Perceber e concluir o que eu tenho pensado, não é tarefa fácil. A linha entre meus pensamentos é tênue, flexível. 
Estou deixando de lado meu lado ultra-romântico. Cansei de toda essa intensidade, da fuga e da idealização para minha vida. Eu sei que essa não é a maneira correta de mudar o mundo, infelizmente. Vejo atitudes vazias, repletas de ódio e competição e nada posso fazer para mudá-las. E é por isso que fugir da verdade, às vezes, parece solucionar.
Meus dedos reproduzem fielmente, as imagens que passam por minha mente. Estranho. Quando dedico algumas horas à escrita, uma pergunta automática sempre toma forma e vem me encarar, intimista. Hoje, eu resolvi enfrentá-la. Ela sussurrou de leve, a dúvida mais cruel que já existiu: - Por que você faz isso? Para que expor suas emoções e deixar que elas te dominem?
Eu não soube por onde começar. Os pensamentos fugiram e aquela pergunta insolente martelava aqui dentro. Pensei nas vezes que desabafei e disse coisas não agradáveis, a troco de nada. Pensei nas lágrimas que caíram; longas, recheadas de incertezas. Pensei na dor. E no alívio que aquilo me trazia. A resposta veio, como o vento. Leve e gelado; impactante na sua forma sútil de trazer à tona o que eu escondi há algum tempo.
Assumo a intensidade e até exagero das minhas ideias, simplesmente pelo fato de que não posso deixá-las passar. E não as deixo ir porque quem vos escreve é meu coração. Aqui, ele é soberano. É inevitável, eu coloco meu sangue em tudo que faço. Com os textos, não seria diferente. 
Às vezes, tudo soa radical demais; ou superficial, não sei. Descrevo tudo ao meu redor e até agora, não sei se posso me orgulhar disso. Mais uma indagação e eu ficarei louca. Sei que a vida não me dará as melhores respostas, e eu não vou me conformar com isso, que fique bem claro. 
Embrulhei os pedaços ultra-românticos e os joguei no em algum lugar do esquecimento. Quero, para mim; histórias intrigantes, reveladoras, mágicas. Comecei a escrever a liberdade, se assim puder chamá-la. Na verdade, quem começou foi ele, o coração. Sou apenas sua serva. Transformo os desejos dele em parágrafos e versos; alguns difíceis, outros bem confusos, confesso. Mas eles são apenas a tradução do que eu enxergo no cotidiano, das atitudes e irritações. E eu me entrego, dou voz e paixão à todos os sentimentos que só eu posso ver. Quanto ao coração, desejo que seus batimentos continuem convertendo tudo em poesia e assim; encontrando em detalhes, o motivo mais especial para sorrir.

"Tudo que se destina a surtir efeito nos corações, do coração deve sair." - Goethe.

2 comentários:

Caio Coletti disse...

Talita!
Você sabe que eu pendo muito mais para o Realismo quanto a visão de mundo do que para esse Ultra-Romantismo que você clamou tão orgulhosamente ter jogado para o canto no texto. Acho que é por aí mesmo, a gente tem que deixar um pouco o idealismo de lado as vezes, quando se trata de algumas questões do cotidiano, do rumo que a gente vai tomar na vida.
Não é deixar de acreditar. É guardar essa inocência tão bonita, esse poder do acreditar, para os sonhos e para o dia em que eles se tornarem realidade, a custo de muito realismo pelo caminho. Pelo menos, é assim que eu procedo depois de ter me machucado tanto.

Ando meio obcecado por um ditado popular: "gato escaldado tem medo de água fria". E deveria, mesmo. Vivendo e aprendendo.

Beijo, amore! :*

Unknown disse...

não posso dizer que tenho essa sua capacidade de jogar fora, o que sinceramente invejo, mas agora me sinto mais normal porque sei que as incertezas que rondam meus pensamentos não são isolados e paranoicos, acredito que guardar um pouco do que existe de confuso e triste nos ajuda a amadurecer idéias, e por mais doloroso que seja, nos faz ver as coisas, as pessoas e o desenrolar de nossas vidas com uma nova perspectiva.
na verdade não sei se é a forma certa de ver as coisas ao meu redor mas sinto que é uma forma válida e a considero a forma mais palpável no momento.
adorei seu texto.

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